Eu falei que teria "textão" de
agradecimento, enquanto escrevo não sei mensurar quantas linhas serão
necessárias para agradecer e refletir sobre tudo o que vivi de 12 a 18 de
setembro de 2016 em São Paulo, poucas ou muitas elas não serão suficientes. Meu primeiro agradecimento é para Inaicyra Falcão artista homenageada
desta edição do Encontro, foi na intenção de celebrar sua trajetória musical
que surgiu a ideia de criar este projeto de intercâmbio com o Runsó e que
certamente terá continuidade. Peço desculpas se em algum momento a produção
ficou a “desejar”, tenho a certeza de que cada profissional que ali estava
tentou fazer o seu melhor, com dedicação, respeito, honestidade, cuidado e
amor.
Sidney Rocharte |
Somos diversos, consequentemente nossas
artes e visões de mundo também. Se analisarmos essa diversidade também se fez
presente em cada espaço que nos acolheu, vejam só: o Instituto Sarath é um
espaço Terapêutico e cultural situado na Vila Mariana;
Sidney Rocharte |
O Memorial da América
Latina foi inaugurado em 1989, é um conjunto
arquitetônico, projetado por Oscar Niemeyer, tinha como objetivo estreitar as
relações políticas, econômicas, sociais e culturais do Brasil com os demais
países da América Latina.
Sidney Rocharte |
O Espaço
Cachuera, situado em Perdizes, foi projetado de forma a priorizar a acústica, abriga
apresentação de grupos de cultura popular e música erudita, o projeto
arquitetônico é da arquiteta Érica Yoshioka e a concepção e tratamento
acústicos são de Adalberto Baggio, sem sombra de dúvida excelente espaço para
iniciarmos a circulação do Concerto Encontro Etnolírico.
Renato Candido |
O Espaço Clariô foi inaugurado em
2005, com o objetivo, a principio, de sediar o grupo de Teatro Clariô e suas
criações, na busca de dar continuidade e consistência a sua pesquisa. Uma
casa (hoje um galpão), que se localiza na fronteira entre Taboão da Serra e São
Paulo, lugar muito carente e precário por abrigar famílias que são vítimas
constantemente das ENCHENTES causadas pelo córrego Pirajussara e,
conseqüentemente do abandono do poder público. Ao se estabelecer na rua Santa
Luzia, 96, o grupo imediatamente entrou em contato com a comunidade do entorno
e se deparou com uma defasagem cultural imensa, do mesmo modo que um enorme
desejo, principalmente das crianças e jovens, em adentrar o mundo do teatro e
suas possibilidades. Então, decidiram fazer do espaço não apenas um sede, mas
um local mediador entre a cultura e esta população, ali mesmo. Desde
então, realizam atividades culturais permanentes, que foram, ao passar do
tempo, se tornando fundamentais, tanto para a "formação" desse
público, quanto para o movimento cultural local. A partir daí, os integrantes
do Clariô se reuniram e decidiram abrir mão de seus cachês em prol da REFORMA
DO ESPAÇO, que em novembro de 2010, deixou de ser uma casa para se tornar um
GALPÃO TEATRAL.
Sidney Rocharte |
O Teatro Popular Solano Trindade fundado em 1975 pela artista plástica, coreógrafa e folclorista Raquel Trindade – a Kambinda –, filha mais velha do pintor, ator, dramaturgo e cineasta pernambucano Solano Trindade, único Teatro da cidade de Embu das Artes (já que os demais são denominados como Espaços Culturais), é uma família que desde os tempos de Solano Trindade vem contribuindo e lutando em conjunto com o movimento negro para a autoestima do povo afro-brasileiro.
Sidney Rocharte |
Em uma semana de atividades transitamos
por 5 espaços culturais, contemplando regiões e públicos diferentes,
compreendendo e respeitando a natureza de cada um. Agradecemos, pois sabemos o
quanto é difícil manter um espaço cultural e temos a convicção de que o único
caminho para produzirmos é o da coletividade.
Eu, Josi Acosta, agradeço ao
Runsó pelo amor, compreensão e generosidade, conseguiram intercambiar sim e
sensibilizar o público com esta musicalidade que verte e bebe das águas da
nossa ancestralidade, uma musicalidade negra-indígena-brasileira, diversa, e que
por dialogar com nossa religiosidade não deixa de ser arte. Conseguem transitar
com maestria entre a raiz mais popular da nossa cultura e dialogar com o
erudito sem perder sua essência. Gratidão a todos e em especial ao Maestro Di Ganzá que soube reger
muito bem os 11 artistas que estavam em cena.
Renato Candido |
Agradeço o Encontro rápido,
fértil e provocativo com Salloma Salomão, artista, africanista e professor
doutor que me fez refletir: seria étnico tudo que não parte dos europeus, quando
dizemos que desejamos produzir uma arte universal é uma arte que se encaixa nos
padrões de quem? Universal é tudo que é feito pelo o Europeu? E aos demais
povos sobra o étnico?
Criamos o projeto e não temos
receio em dizer que o Conceito de Etnolírico ainda está em construção. Quero estudar
mais e aprofundar as questões levantadas na roda de diálogos. Para nós a musicalidade fruto da fusão entre
cânticos de diferentes culturas em diálogo com forma lírica de cantar resulta
no Etnolírico, o lírico em diálogo com o spiritual, cânticos de tradição yoruba,
de origem bantu, de tradição da África do Sul, de compositores brasileiros que
se inspiraram nas lendas africanas, indígenas a fim de produzir uma música
erudita brasileira e qualquer outro cântico que possa servir de inspiração aos nossos artistas. Se pesquisarmos rapidamente na internet sobre negros
cantando música erudita, vamos encontrar artistas brasileiros que são consagrados
aqui e no exterior cantando óperas. Mas é possível colocar em espaços
consagrados da música erudita brasileira essa musicalidade produzida por
Inaicyra, Negravat, Abanã Orin, Runsó e diversos corais negros que existem em
nosso país? É muita complexidade para ser
esgotada em um roda de diálogos com duração de duas horas. Mas mudar o nome do
projeto para etnomusical não resolve, porque afinal quero difundir o trabalho
de artistas onde a música é atravessada por uma forma específica de cantar. Um
canto que me encanta e não está na mídia, não só pela forma, mas também pelo
conteúdo.
Por fim, agradeço aos parceiros
que foram fundamentais para realizar o Encontro, sem eles nada seria possível: Ailton Pinheiro, Karla
Koimbra, Amanda Nascimento, Luciene Weiland, Amabile Roberta, Renato Candido e
Sidney Rocharte, profissionais que doaram o seu trabalho por admirar os artistas que estavam em cena.
O Encontro Etnolírico-Destino
São Paulo foi realizado, agora é trabalhar para lançar até o fim de outubro o
vídeo documentário e realizar um bate-papo com o público baiano. O nosso muito obrigado a
SECULT que tornou viável a realização deste intercâmbio com o apoio financeiro do
Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e
Secretaria de Cultura da Bahia.
Obrigado aos
artistas pela confiança, aos apoiadores, ao público, a equipe técnica de todos
os espaços e a nossa equipe de produção.
Que venham outros encontros férteis, provocadores e inspiradores!
Encontros que nos fortalecem e nos fazem crescer!
Encontros que nos fortalecem e nos fazem crescer!
"NÓS POR NÓS!".
<3 Obrigada pela oportunidade de aprender contigo!
ResponderExcluir<3 Obrigada pela oportunidade de aprender contigo!
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